terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Massive Attack - Mezzanine XXI no Campo Pequeno, Lisboa (18-02-2019)

No dia 18 de Fevereiro de 2019, fui à sala de espectáculos Campo Pequeno, em Lisboa, ver os Massive Attack.
Eu já os vi duas vezes, uma no Coliseu dos Recreios em 2007, e a outra no Super Bock Super Rock 2016 com os Young Fathers e decidi os ver outra vez, a propósito da digressão da comemoração dos 21 anos do histórico álbum "Mezzanine", de 1998.
O concerto conta com a participação do cantor Horace Andy, da Elizabeth Fraser, ex-vocalista dos Cocteau Twins, e do cineasta e artista visual Andy Curtis.
Em relação ao concerto pareceu-me algo surpreendente. O alinhamento das canções, bem como a projecção das imagens e das luzes estavam infalíveis. Durante esse concerto, demonstram as imagens fortes de carácter político e da critica social acontecidas no passado e no presente. 
Para além de tocar todas as canções do álbum "Mezzanine", tocaram versões de "I Found A Reason" dos The Velvet Underground, "10:15 Saturday Night" dos The Cure, "Bela Lugosi's Dead" dos Bauhaus, "Where Have All Flowers Gone?" do Pete Seeger ou "RockWrok" dos Ultravox, das quais fazem referência a esse disco como inspiração.
A sonoridade de Bristol (trip-hop) da banda liderada por Robert Del Naja ainda está presente nesta memorável performance ao vivo. No entanto, ouvem-se as linhas de guitarras rasgadas e fantasmagóricas, bem como a textura dos samples, as linhas de baixo influenciadas pelo dub, e ritmos lentos e sujos.
Temas como "Black Milk", "Risingson", "Inertia Creeps", "Angel" ou até mesmo a conhecida "Teardrop" foram um dos momentos mais altos desta incrível actuação, mantendo o público do Campo Pequeno cheio e recheado de talento.
Na maneira como o Del Naja, Grant Marshall, Horace Andy e Liz Fraser actuam no palco, torna-se algo bastante diversificado e sentimental ao mesmo tempo. 
Portanto, foi um dos concertos, tal como os outros que eu assisti, que vai ficar e ficará na minha memória.

Massive Attack








Photos by: Pedro Miguel Dias
Text by: Pedro Miguel Dias
Setlist: https://www.setlist.fm/setlist/massive-attack/2019/campo-pequeno-lisbon-portugal-3b954480.html

I Found A Reason (The Velvet Underground cover)
Risingson
10:15 Saturday Night (The Cure cover)
Man Next Door (with Horace Andy)
Black Milk (with Elizabeth Fraser)
Mezzanine
Bela Lugosi's Dead (Bauhaus cover)
Exchange
See A Man's Face (Horace Andy cover) (with Horace Andy)
Dissolved Girl (taped vocals)
Where Have All Flowers Gone? (Pete Seeger cover) (with Elizabeth Fraser)
Inertia Creeps
Rockwrok (Ultravox cover)
Angel (with Horace Andy)
Teardrop (with Elizabeth Fraser)
Group Four (with Elizabeth Fraser)

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Echo & The Bunnymen no Lisboa Ao Vivo (10-02-2019)

"Fate, up against your will"

No dia 10 de Fevereiro de 2019, fui à sala de espectáculos Lisboa ao Vivo, ver os Echo and The Bunnymen.
Tive uma enorme expectativa de os ver ao vivo, porque é uma das minhas bandas de eleição. Adoro os cinco primeiros álbuns que eles editaram na década de 1980, sobretudo a "Ocean Rain", que tem os temas conhecidos da banda, tais como "The Killing Moon" e "Seven Seas". 
Em relação ao concerto foi sublime, espectacular e estrondoso. A voz dramática e a poesia do líder carismático Ian McCulloch, bem como as linhas de guitarra melódicas e sumptuosas a cargo do Will Sergeant, as linhas de baixo cativantes de Les Pattinson e ritmos frenéticos do saudoso Pete De Freitas tornaram-se um som bastante característico da banda de culto que teve sucesso nos 1980s. 
O pós-punk atmosférico com pitadas do psicadelismo destes senhores tornou-se algo pertinente, único e original. Na forma como eles actuam no palco, conseguem revitalizar as canções dos clássicos álbuns como o dinâmico "Crocodiles", o atmosférico mas sombrio "Heaven Up Here", o arrojado "Porcupine" ou até mesmo o orquestral e nocturno "Ocean Rain", mantendo o público do Lisboa Ao Vivo rendido.
A cena pós-punk da cidade de Liverpool, na mesma terra onde formaram os Beatles, estava bem presente e mais produtiva na sua própria evolução.
No palco, estavam o Ian McCulloch, Will Sergeant, o baixista Stephan Brannan (em substituição a Les Pattinson, que fez parte da banda ao longo do tempo), o baterista Nicholas Kloroe (em substituição a Pete De Freitas, que fez parte da banda nos 1980s e que infelizmente morreu no acidente de mota) e o teclista de sessão Jez Wing.
O alinhamento começou com a "Going Up", tema que abre o "Crocodiles", com uma nota cativante. Passando pelo orgânico "Bedbugs and Ballyhoo" com os órgãos ao fazer lembrar os The Doors, a principal influência dos Echo. No momento em que tocaram a "Rescue", no regresso a "Crocodiles", fiquei apreciado com tudo que fizeram, a voz do Ian McCulloch e a magia das guitarras por parte do Will Sergeant estiveram bem preparados nesta actuação. A determinada altura, houve alguns momentos mais coerentes e ao mesmo tempo friorentos como "All My Colours" ou "Over The Wall", no "Heaven Up Here". O mais recente tema "The Somnambulist", do último álbum "The Stars, The Oceans & The Moon", não me encheu as medidas mas obteve uma boa instalação em versão ao vivo.
Mas com a "Villiers Terrace", o grupo demonstra a subtileza de texturas sónicas, incluindo pelo meio um medley com a versão de "Roadhouse Blues" dos The Doors. A belíssima "Nothing Lasts Forever", no álbum "Evergreen" (naquela altura onde regressaram ao activo em 1997 depois de terem feito uma pausa em inicio dos 1990s), essa música transmite-me o encanto, também incluindo pelo meio um medley com a versão de "Walk On The Wild Side" do saudoso Lou Reed, outra influência dos Echo. Já com o eterno "Seven Seas" e a outra belíssima "Rust", do álbum "What Are You Going To Do With Your Life" (o último a contar com o baixista Les Pattinson antes de abandonar os Echo), fizeram-me arrepiar. Pois esse efeito permanece por completo. Na fase pós-Pete de Freitas não foi assim nada de especial, aquela versão têm alguns bons momentos encontrados nos álbuns "Evergreen", "What Are You Going To Do With Your Life" e "Siberia". Mas de resto é para esquecer. 
Já antes do encore, tivemos a trilogia de canções perfeitas que nos façam surpreender como "Bring On The Dancing Horses", o glorioso "The Killing Moon", com os solos de guitarra magistrais construindo o mistério, o drama e a magia, tanto na música como na escrita, e o frenético "The Cutter", aqui em versão ao vivo encontra-se a bela secção de guitarras, soando ainda idêntico do que o original, em vez de secção de cordas influenciada pela música oriental encontradas na versão do álbum "Porcupine".
Durante o encore, voltaram aos palcos com a "Lips Like Sugar", no quinto álbum homónimo, outro clássico deles, com o público a cantar em plenos pulmões. Outro momento fundamental na actuação. E para encerrar a sequência, muita das pessoas esperavam que eles tocassem a canção "Ocean Rain", mas não, tocaram a "Do It Clean", tema super energético da banda. E o resultado final foi algo positivo.
O Ian McCulloch tornou-se mais comunicativo, na forma de interacção com o público. O resto da banda também esteve preparados. Em termos da setlist estava perfeito e não houve nenhuma falha. Uma espécie de best of deles perfeito.
E portanto, foi um concerto arrebatador que vai ficar na minha memória.


Echo & The Bunnymen











Text by: Pedro Miguel Dias
Photos by: Pedro Miguel Dias

Setlist: https://www.setlist.fm/setlist/echo-and-the-bunnymen/2019/lisboa-ao-vivo-lisbon-portugal-5b9513d4.html

Going Up
Bedbugs & Ballyhoo
Rescue
Never Stop
All My Colours (Zimbo)
Over The Wall
Somnambulist
Villiers Terrace / Roadhouse Blues (The Doors Cover)
Nothing Lasts Forever / Walk On The Wild Side (Lou Reed cover)
Seven Seas
Rust
Bring On The Dancing Horses
The Killing Moon
The Cutter

Encore
Lips Like Sugar
Ocean Rain??????????????????????????
Do It Clean

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

Yo La Tengo no Capitólio, Lisboa (06-02-2019)

No dia 6 de Fevereiro de 2019, fui à sala de espectáculos Capitólio, ver os americanos Yo La Tengo.
Eu os vi uma vez no NOS Alive do ano passado, apenas na parte inicial. 
Por algum motivo, tive uma expectativa de os ver outra vez ao vivo, porque adoro os Yo La Tengo, o seu ecleticismo musical, a variação de estilos e as experimentações sónicas que são basicamente uma das coisas que me identifico mais.
A minha introdução do mundo dos Yo La Tengo foi através do célebre "I Can Hear The Heart Beating As One", de 1997, antes de eu explorar a discografia toda que eles realizaram. Ao ouvir a faixa toda desse álbum, considero um dos álbuns da minha eleição. De todo o espectro deste álbum representa uma variedade de estilos musicais, desde o shoegaze para o dream pop, do jazz para o rock alternativo/indie, do country/folk para o rock atmosférico (ou seja, pós-rock), do krautrock para o noise rock e assim por diante. Não só pela variedade de estilos mas também pelas letras fantásticas e as vozes únicas a cargo do Ira Kaplan, que toca guitarra e teclas, da Georgia Hubley, na bateria e teclas, e do James McNew, no baixo, bateria e teclas.
Em relação ao concerto fiquei espantado na forma como eles actuam no palco. Uma coisa que não me apercebi é que este concerto houvesse um intervalo de 15 minutos. Apesar de eles terem 35 anos de carreira, 15 álbuns de estúdio, há quem diga que os Yo La Tengo, segundo os críticos, estivessem comparados com os The Velvet Underground ou Sonic Youth, não só em termos de sonoridade e de estética mas também em ditas influências.
No primeiro alinhamento arranca com o tema instrumental/jam session "You Are Here", passando pelo lado mais soft, quase introspectivo "Forever", "She May, She Might" e alguns dos temas pertencentes ao último album "There's A Riot Going On", sem tem nada a ver com os Sly and The Family Stone.
No primeiro alinhamento acaba com o pastoral "I'll Be Around", retirado do álbum "Fade", e a versão semi-acústica de "Deeper Into Movies", tema retirado do "I Can Hear The Heart Beating As One". E posto isto, fizeram uma pausa de 15 minutos.
No segundo alinhamento, começa com os dois temas "Dream Dream Away" e "Before We Run", retirados dos dois últimos álbuns. Passando pelos temas como o sinistro "Sudden Organ", o languido "Stockholm Syndrome" e os restantes temas do último album como "For You Too". O alinhamento acaba com a longa improvisação do ruído, com solos de guitarra rasgados, dos dois temas "Tom Courtenay" e "I Heard You Looking", retirados dos álbuns "Electr-O-Pura" e "Painful".
Durante o encore, tocaram 2 covers de temas do Neil Young como "Prisoners of Rock N Roll" e a "Someone's In Love", original dos The Cosmic Rays, que faz parte do álbum "Fakebook".
No entanto, houve momentos em que a interacção com o público foi fascinante, cumprimentaram ao pessoal, houve aí uma groupie na plateia de frente, aonde eu estava, subiu ao palco e estava a abraçar aos membros da banda depois de terem tocado aquela dita canção, "I Heard You Looking", que acaba no segundo alinhamento e o público ficou admirado. 
Foi quase 3 horas de concerto recheadas de talento, diversão e de optimismo. Não houve nenhum aspecto negativo que possa referir. 
No entanto, foi um dos concertos, tal como os outros que eu assisti, que vai ficar para a história.

Yo La Tengo






  



Text by: Pedro Miguel Dias
Photos by: Pedro Miguel Dias


1st Part
You Are Here
Forever
Pablo and Andrea
She May, She Might
Ashes
Song for Mahila
I'll Be Around
Deeper Into Movies (Stuff Like That There version)

2nd Part
Dream Dream Away
Before We Run
Stockholm Syndrome
I Should've Known Better
For You Too
Shades Of Blue
Sudden Organ
Drug Test
Tom Courtenay
I Heard You Looking

Encore
(Unknown) (a crowd request, Ira told that nobody asks songs from that album)
Prisoners of Rock 'n' Roll (Neil Young & Crazy Horse cover)
Somebody's In Love (The Cosmic Rays cover)