sexta-feira, 19 de julho de 2019

NOS Alive 2019 (11/12/13 de Julho) no Passeio Marítimo de Algés, Lisboa

Nos dias 11, 12 e 13 de Julho de 2019 estive no NOS Alive no Passeio Marítimo de Algés. Antes disso, quando reparei alguns dos artistas que irão estar nesta 13ª edição, fiquei entusiasmado com a confirmação de nomes como os The Cure, The Smashing Pumpkins, Thom Yorke, Sharon Van Etten, Grace Jones, Primal Scream, Idles, Mogwai, Ornatos Violeta e Johnny Marr. Por isso, decidi ir à FNAC comprar o passe para os 3 dias e custava muito caro, 160 euros por cada passe é uma pipa de massa.
O recinto é a mesma instalação como na edição anterior, pois tem lá vários sítios como Palco NOS, Palco Sagres, Palco Clubbing, EDP Fado Café, Palco Comédia e Palco Coreto + Arruda.
Em termos de Line-ups são mais ou menos parecidos como a edição anterior.
O som dos diversos palcos têm melhor qualidade. Os restaurantes têm kebabs, hamburgers, sandes, bifanas, cervejas e garrafas de água com pouca fila de espera. Tem também casas de banho se qualquer pessoa tiver aflita.


DIA 1

No primeiro dia, a partir das 18h00, fui ver os Linda Martini, que tocaram no Palco NOS. Estiveram bem dispostos no palco. Ajudaram a manter o suor para o público despertar as mentes. Conseguiram interpretar canções do novo álbum e algumas do passado, no que diz respeito à setlist. Temas como "Boca de Sal", "Unicórnio de Sta. Engrácia", "Amor Combate" e "Cem Metros Sereia" foram os pontos altos desta actuação. E foi uma boa maneira de começar esta edição.
A partir das 18h50, mal comecei a ver a Sharon Van Etten, que actuou no Palco Sagres. Para alem de ser cantora, compositora e escritora de canções, ela também é actriz de cinema que entrou na série da Netflix chamada The OA. No meu ponto de vista, é uma das artistas que tive uma grande expectativa de ver. Não só pela voz poderosa e emotiva mas também pela escrita coerente e expressiva. Ao explorar a discografia dela, tenha-se tornado uma das minhas artistas favoritas desta década. Ela sabe fazer os álbuns contagiantes e em relação ao novo "Remind Me Tomorrow" é um deles. Já o concerto ia na segunda música quando interpretou a dançável "Comeback Kid". Conseguiu interpretar quase todo o tema do memorável novo álbum (nas primeiras escutas não me correram como esperado mas um pouco tempo depois tinha-se aguentado e até crescido, se bem que não haja nenhum motivo de ficar desiludido ao menos e com esse efeito mantêm-se desenvolvido) e dois ou três temas do passado. Houve também momentos impressionantes no caso de "Tarifa", cujo tema que fez parte da banda sonora da 3ª temporada da série "Twin Peaks", bem como os temas "Seventeen", "I Told You Everything", "Every Time The Sun Comes Up" e "Serpents". Houve também boa comunicação com o público. Ela e a sua gang estiveram muito bem dispostos no Palco Sagres rendido. E foi uma surpresa especial para mim.
Quanto aos Weezer, que tocaram no Palco NOS mais ou menos à mesma hora que a Sharon Van Etten, apanhei as últimas músicas quando interpretaram a "Africa", original dos Toto, ou a "Island In The Sun" e mais os temas do primeiro álbum (ou seja, The Blue Album) como a "Say It Ain't So" e "Buddy Holly", dos quais se destacaram. Pessoalmente, não ando muito à bola com os Weezer mas considero o primeiro deles muito bom, os dois que vêm a seguir, vá lá, são razoáveis. Pois a partir daí começa a borrar a pintura, desde que perdi o interesse ao explorar o resto da discografia. O concerto deles não foi dos pontos altos que eu assisti, devido às falhas técnicas do som. Muito fracote. Mas, felizmente nunca vi eles a cantar aquela canção que sempre detestei que é a "Beverly Hills", cujo efeito esse transmite-me a exoneração.
Depois disso, eu e os meus amigos fomos jantar um hambúrguer e estivemos a conversar sobre os assuntos relacionados com a música e o que é que estivemos a ver no primeiro dia do Alive. Após aquela conversa extensa só apanhei a segunda parte do concerto dos Ornatos Violeta, que tocaram no Palco NOS às 20h45, a propósito da comemoração dos 20 anos do álbum "O Monstro Precisa de Amigos". Na maneira como o Manel Cruz, Peixe e companhia actuam no palco tornou-se sentimental. Temas como "Coisas", "O.M.E.M.", "Dia Mau" e "Capitão Romance" foram os momentos altos nesta incrível actuação. Foi uma pena de não ver eles a cantar a mais conhecida "Ouvi Dizer".
Depois disso, fui ver os escoceses Mogwai, que tocaram no Palco NOS às 22h30. O líder e mentor da banda Stuart Braithwaite, que andava com uma t-shirt dos NEU!, banda conceitual alemã de Krautrock da década de 1970, esteve mais brilhante que nunca no palco, tanto na interacção com o público como na actuação. A sonoridade pós-rock dos Mogwai parece algo cinemática e esteve presente nesta inacreditável performance. A maior parte das peças musicais longas são todas instrumentais. Tanto no estúdio como ao vivo ouvem-se as carradas de crescendos em termos de intensidade, bem como as mudanças dinâmicas de paisagens sonoras tranquilas para as cargas de electricidade super distorcidas, recheadas de feedback e noise, para dar um sentimento dramático. O concerto arranca com os dois temas "Crossing The Road Material" e "Party In The Dark" com a voz de Stuart, retirados do mais recente disco "Every Country's Sun", passado pelo clássico "I'm Jim Morrison and I'm Dead", titulo demasiado tongue-in-cheek como referencia ao vocalista e poeta carismático dos The Doors. Aqui em "Rano Pano", as guitarras distorcidas por parte do Stuart e do Barry Burns desenvolvem um papel crucial no que diz respeito à textura e os ritmos lentos do Martin Bulloch soltos. No tema "Auto Rock", a secção do piano do Barry Burns soa cada vez introspectiva, à medida em que a canção prossegue, atinge o clímax e a atmosfera, e portanto foi um dos momentos mais altos desta actuação. As tendências electrónicas do tema "Remurdered", ouvem-se as teclas sintetizadas por parte do Burns, foi também o ponto alto. Mas o verdadeiro momento positivo que me enche as medidas foi a extensa "Mogwai Fear Satan", começando com as linhas de guitarra melódicas e atmosféricas do qual se prossegue lentamente ao lado pós-rock barulhento, pesado e quase metálico até ao fim e assim acaba o concerto.
Quanto aos ingleses The Cure, que tocaram no Palco NOS às 00h10, foi muito bom, apesar de não ser tão grandioso e magistral como lá no MEO Arena de 2016, do qual foi a primeira vez que assisti. Falo apenas em termos de alinhamento. Duas horas e oito minutos do concerto é pouco. Deveriam ter tocado mais qualquer coisa para atingir no total de três horas, semelhante ao do Alive de 2012 ou do Arena de 2016. Esperava mais. O facto de não assistir ao concerto deles no Pavilhão Atlântico de 2008 e do Alive de 2012 causa-me a frustração extrema. Se fosse no Pavilhão Atlântico de 2012 seria brutal. Prefiro concertos no espaço fechado do que ao ar livre. Porque ao ar livre é incomodativo devido às condições do local e às pessoas (incluindo a malta selfie) que passam os concertos todos na conversa. Nessa altura, ainda não era nascido quando os The Cure estiveram cá em Portugal pela primeira vez, a propósito da digressão do histórico "Disintegration" intitulado "The Prayer Tour", no Estádio do Alvalade em 28 de Junho de 1989.
Como referi anteriormente, só vi pela primeira vez no MEO Arena 2016 e foi um dos concertos imperiais que assisti em termos de alinhamento e de equipamento de som. Para além de ser fã, gosto muito de todos os álbuns deles, da voz do Robert Smith, também gosto do projecto musical dele com o guitarrista dos Siouxsie and The Banshees, Steven Severin: The Glove. Têm a poesia, o dramatismo e a sentimentalidade das letras, bem como o ecletismo das canções e um certo misto entre a beleza, a melancolia e a escuridão, das quais fazem deles uma das bandas icónicas da cena musical alternativo dos 1980s e que acabou por influenciar várias bandas ou artistas de uma determinada geração, até aos dias de hoje.
Apesar de eles editar 13 álbuns (e alguns discos de colectânea de singles e um de lados-B/raridades), aos 43 anos de carreira (vê só!), passaram por vários géneros musicais tão diferentes como a sonoridade pós-punk na fase inicial, passando pelo rock gótico, neo-psicadelismo, new wave, ou até à sensibilidade pop de guitarras. Eles não saber dar maus concertos. Diverti-me imenso ao ver o espectáculo. O Robert Smith, aos 60 anos, estava um bocado cansado mas manteve o carisma durante as performances e o resto da banda segurou também. O baixo do Simon Gallup atinge o amplificador acima dos onze, não falha uma nota e veste-se como se fosse o metaleiro dos 1980s. A bateria acústica do Jason Cooper manteve o ritmo certo às canções. As teclas atmosféricas por parte do Roger O'Donnell soam tão intensas, tanto em ao vivo como no estúdio.
Houve muitas das pessoas, como eu, esperassem que o concerto fosse baseado da digressão da comemoração dos 30 anos do álbum "Disintegration", mas o que vemos aqui é uma espécie de digressão de festival de verão deste ano. O concerto arrancou com a angustiante "Shake Dog Shake", tema do psicadélico "The Top", em vez de "Plainsong" (gostaria de ver eles a tocar essa canção ao vivo), passando pela épica "Burn", do tema pertencente à banda sonora do filme "The Crow". Nesta música ouve-se os ritmos tribalescos por parte do Jason Cooper acompanhado com linhas de guitarra melódicas usando os efeitos flanging e delays por parte do Robert, do qual se tornou o som característico da banda. As guitarras do Robert Smith e do Reeves Gabriels ficaram abafadas com o som do palco principal mas aqui ouvem-se os riffs estelares nos seguintes temas "Fascination Street", do "Disintegration", e "Never Enough". De seguida, "Push", do álbum "The Head On The Door", foi um grande momento da noite em que demonstra a melhoria do equipamento sonoro. Houve também momentos mais pop que se destacaram no caso dos temas "Inbetween Days" e "Just Like Heaven", o que me pôs alegre. A partir daí, o concerto começou a ganhar fortuna nos temas como "High", "From The Edge Of The Deep Green Sea", do álbum "Wish", e o clássico absoluto "Pictures Of You", num regresso a "Disintegration", dos quais mantiveram o balanço rendido para o público cheio do Algés. De seguida, o segredo bem guardado "Just One Kiss" foi também uma surpresa para mim. Mais dois temas do "Disintegration", "Lovesong" e "Last Dance", dos quais foram também um dos perfeitos momentos desta actuação. O "virtuoso" de guitarra Reeves Gabriels demonstra os excelentes solos no assombroso tema pop rock "A Night Like This". Antes do encore, o concerto acaba com os temas pertencentes a essencial trilogia "dark": "Seventeen Seconds", "Faith" e "Pornography", "Play For Today", o outro clássico "A Forest", "Primary" e o niilístico "One Hundred Years". Houve uma lacuna neste concerto é que durante a interpretação do tema "One Hundred Years", o Robert já se esqueceu da metade das letras, estranhei que ele não estava em condições de se concentrar no palco.
No encore arrancou com o assustador "Lullaby", o excêntrico "The Caterpillar", a dançável pop "The Walk", a inocência "Friday I'm In Love", "Close To Me", "Why Can't I Be You?" (outro momento em que o Robert já se esqueceu da metade das letras) e acabou com a "Boys Don't Cry". E tive pena de não ouvir nada de "10.15 Saturday Night" ou "Killing An Arab" ou até "Charlotte Sometimes" (e os restantes temas do "Disintegration") que deveria ter sido uma espécie de best of completo.
Portanto, não foi dos melhores concertos dos The Cure que eu assisti mas foi algo impressionante e é sempre bom vê-los outra vez.
Esperemos que eles voltem cá daqui a uns dois anos ou três.


DIA 2

No segundo dia do festival, cheguei por volta das 18h00 para ver o americano Perry Farrell e os Kind Heaven Orchestra, que tocaram no Palco NOS às 18h15. O veterano membro dos Jane's Addiction e dos Porno For Pyros apresentou temas do novo álbum a solo, bem como alguns temas dessas duas bandas mencionadas. O alinhamento arrancou com os temas do novo álbum, por enquanto não cheguei a tempo de ouvir, passando pelo temas dessas duas bandas "Pets", "Jane Says", "Ocean Size" ou "Mountain Song", dos quais se destacaram. Foi uma pena de não cantar a "Been Caught Stealing", um dos meus favoritos temas dos Jane's Addiction que gostaria de ter interpretado. Quanto ao concerto do Perry Farrell, achei interessante mas um bocado mediano.
Depois disso, fui ver os escoceses Primal Scream, que tocaram às 19h50 no Palco NOS. No que diz respeito a actuação, a banda liderada por Bobby Gillespie decidiram revisitar os temas clássicos dos álbuns editados nos 1990s e nos 2000s durante a digressão do Maximum Rock N' Roll: The Singles 1986-2016. Com a sua obra-prima "Screamadelica", o 3º álbum editado em Setembro de 1991, nos tempos em que o rock alternativo explodiu para o público mais mainstream, muito por culpa do sucesso de "Nevermind", álbum dos Nirvana, os Primal Scream conseguem juntar a cultura rave, uma fusão de rock n' roll à Stones com elementos de música de dança e de electrónica inspirada no movimento acid House. O concerto arrancou com a "Movin' On Up", tema de abertura do "Screamadelica", com pouco público da plateia, sobretudo cidadãos britânicos, despertando a alegria e entusiasmo. Os seguintes temas "Jailbird" e "Miss Lucifer" atingiram um clímax dentro do rock algo desejável. Houve momentos imprescindíveis nesta forte setlist como "Kowalski", "Higher Than The Sun" e "Swastika Eyes", que mantiveram a comunhão com o público. Com o grande êxito "Loaded", fiquei super extasiado pela intensidade e a dinâmica ao que deram no Algés rendido. Esse efeito transmite-me a felicidade. Outro perfeito momento da actuação. O concerto termina com uma nota alta ao som de "Country Girl" e de "Rocks". Tive pena de não assistir o concerto no Alive de 2011 a propósito da celebração do álbum "Screamadelica" mas deram um grande concerto neste ano. Desde o poder das guitarras por parte do Andrew Innes, os sintetizadores tremendos do Martin Duffy (Felt), o baixo da Simone Butler, a bateria acústica do Darrin Mooney e claro a voz carismática por parte do Bobby Gillespie. Mais sangue, mais suor e mais rock n' roll.
Depois fui ao street food jantar enquanto dei uma espetadela no Palco Sagres onde o ex-guitarrista, veterano e co-fundador dos The Smiths, Johnny Marr, que actuou desde às 20h15, à mesma hora que os Primal Scream, quanto a mim já ia nas últimas duas músicas quando apanhei, incluindo a interpretação do tema dos The Smiths, "There Is A Light That Never Goes Out", e assim fecha o concerto. Vi-o no Vodafone Mexefest do ano passado e foi do caraças, do qual conseguiu interpretar temas a solo do novo álbum coerente "Call The Comet" bem como alguns dos temas dos The Smiths e mais um tema do supergrupo Electronic, "Getting Away with It".
Depois disso, estive a ver a multi-instrumentista e cantora australiana Tash Sultana, que actuou às 21h45 no Palco Sagres. E achei interessante, apesar de não explorar o suficiente dos trabalhos ao que ela realizou. Ela estava sozinha no palco com a guitarra e um looper. Por todo o repertório das canções, ela toca guitarra, constrói os loops (bombo e tarola recriados) e jogos de aceleração e desaceleração das cordas de guitarra.
Depois disso, estive a ver a primeira parte do concerto dos nova iorquinos Vampire Weekend, que actuaram no Palco NOS às 23h00. Apesar de não ser fã deles, eu gosto dos três primeiros álbuns. Nunca consegui resistir a mistura de indie rock com influências de música africana tradicional e barroca. Mas quando saiu o novo álbum "Father Of The Bride", fiquei desiludido com a banda, desde que comecei a perder o meu interesse, tirando o single "Harmony Hall" (a única canção recomendada deste álbum), devido à nova viragem musical que não é do meu agrado, chamado revivalismo da "dad rock". O álbum recheado de canções folk muito cheesy e ao mesmo tempo constrangedores. "Harmony Hall" é de qualquer coisa que essas canções não são. Foi daí é que eu comecei a ficar farto com os vampiros. Coincidência ou não?
O concerto, vá lá, foi surpreendentemente giro, arrancou com alguns dos temas antigos como "White Sky", "Cape Cod Kwassa Kwassa" e "Unbelievers", passando pelo um ou dois temas do novo. Depois de interpretar a outra antiga "Run", comecei logo a "correr" para o Palco Sagres à espera da jamaicana Grace Jones, que começava à meia-noite.
Quanto a actuação dela foi espectacular e imaculada. Aos 71 anos, ela consegue ter uma pedalada brutal, com uma coreografia fantástica, mudanças de guarda-roupa e de cenário de canção para a canção, mas ela tem uma voz poderosa e uma presença única. Esses efeitos transmitem-me a felicidade sem nenhuma falha. O espectáculo arrancou com versões de "Nightclubbing", original de Iggy Pop, "Private Life", original dos The Pretenders, e a incrível "Warm Leatherette", original do The Normal (projecto musical do Daniel Miller, fundador da editora Mute Records). Passando por temas originais como "My Jamaican Guy" e "Williams' Blood" acabando com o cântico religioso tradicional "Amazing Grace". O momento perfeito para mim foi a interpretação do tema "Love Is The Drug", original dos Roxy Music, com o uso de piscar de luz vermelha ao longo da canção. No outro perfeito momento, a festa acabou em grande com os temas "Pull Up To The Bumper" e "Slave To The Rhythm" que mantiveram a comunhão com o público do Algés super formidável. E foi um sublime regresso e esteve de parabéns por trazer cá em Portugal. Um valor atingido de 10 pontos.


DIA 3

No terceiro e último dia do festival, cheguei por volta das 20h50. Tive pena de ter perdido o concerto dos Idles, que tocaram às 20h30 no Palco Sagres, por causa de estar muita gente no recinto e foi por isso que não consegui ver. Vi-os no Lisboa Ao Vivo no ano passado e foi altamente demolidor e explosivo de A a Z, provavelmente um dos melhores concertos que eu assisti.
Em relação ao concerto dos Bon Iver, que actuaram no Palco NOS às 21h25, foi uma experiência emocionante. Estava o Justin Vernon (na guitarra, nas teclas e na voz), o Sean Carey (nas teclas e na bateria electrónica), Andrew Fritzpack (na guitarra), Matthew McCaughan (na bateria acústica) e Michael Lewis (no saxofone e no baixo). A selecção das canções que está na setlist tornou-se memorável. Tocaram quase todo o tema do "22, A Million", apesar de não ser o meu preferido, cujo álbum marca uma nova abordagem musical da folk para as electrónicas minimais, o que eu acho agradável. Uma coisa que não gostei de ver foi o uso de auto-tune nas duas canções como "29 #Strafford APTS" que o Justin Vernon tocou, isso não me soou nada bem. Para além desse, tocaram também clássicos do passado como "Skinny Love", "Holocene", "Creature Fear", "Blood Bank" e "Towers", nos álbuns "For Emma, Forever Ago" e "Bon Iver, Bon Iver", dos quais se destacaram nesta performance intimista. Eu gostei de ver.
Quanto aos The Smashing Pumpkins, que actuaram no Palco NOS às 23h30, foi excelente. E que grande concerto que eles deram no Palco NOS, contando com os membros originais da banda, Billy Corgan na voz e guitarra principal, James Iha na guitarra ritmo e Jimmy Chamberlain na bateria. Apesar da falta de presença da baixista D'Arcy Wretzky, estavam o baixista Jack Bates, filho de Peter Hook (Joy Division/New Order), o guitarrista e teclista Jeff Schroeder e a teclista Katie Cole.
Eu não sabia que eles estiveram cá em Portugal pela primeira vez na Praça de Touros em 1996, eu era jovem demais para ir concertos, os bilhetes custavam caros em termos de preço desde que tinha 6 anos.
Os primeiros álbuns dos Smashing Pumpkins que eu ouvi foi o "Mellon Collie and The Infinite Sadness" e "Siamese Dream". Cujos álbuns são de certeza absoluta uma bela caixa de surpresa para quem quer descobrir e ouvir a sensacional banda de rock alternativo de Chicago que teve sucesso estrondoso nos 1990s. Mas o meu favorito de todos é o aventureiro "Mellon Collie" pela quantidade de vezes que eu ouço e que foi a perfeita introdução das minhas descobertas musicais, do qual tenho acompanhado bastante desde a minha infância ou adolescência. Por outro lado, o concerto arrancou com "Siva", do psicadélico "Gish", e "Zero", do "Mellon Collie", dos quais foram os magníficos temas de abertura e que foram uma excelente maneira de começar o espectáculo para o público rendido. O trio de guitarras (Corgan, Iha e Schroeder) ouvem-se os riffs e os solos espectaculares. A bateria acústica de Chamberlain representa a técnica e a virtuosidade mantendo o ritmo certo em determinadas canções, prolongando em cada uma delas. De seguida, as duas canções do novo álbum "Solara" e "Knights Of Malta", não me encheram as medidas. Mas houve uma grande surpresa que foi a interpretação do tema "Eye", que fez parte da banda sonora do filme "Lost Highway" de David Lynch. A partir daí, o efeito do clássico absoluto "Bullet With Butterfly Wings" a ser tocado no palco despertou-me a jovialidade. De seguida, outros dois ou três temas na fase pós-"Machina" ("Tiberius" ou "G.L.O.W.") embora não sejam nada representativos para a banda, devido aos problemas de ego do Billy, ganham a nova vida aqui ao vivo. Adiante, o uso de guitarra acústica e de teclas simulando o som das strings no "Disarm", do homogéneo "Siamese Dream", ou o uso de ritmos electrónicos no "Ava Adore", do sombrio  "Adore", fizeram-me arrepiar. De seguida, mais duas canções do "Mellon Collie", os magistrais "1979" e "Tonight Tonight", e mais uma do "Siamese Dream", o arrepiante "Cherub Rock" das quais se destacaram durante a performance infalível. Houve alguns fulanos da plateia de frente à espera da "Mayonaise", mas em vez disso tocaram o lado-B "The Aeroplane Flies High (Turns Left, Looks Right)", neste tema encontra-se o lado virado para o prog-rock durante longos minutos, o meu segredo bem guardado será sempre bem vindo e esse efeito transmite-me o fascínio algo característico. E o concerto acaba com o outro clássico instantâneo "Today". E portanto, foi um excelente regresso ao passado e mantiveram a comunhão com o público do Algés acessível. Na maneira como o carismático Billy, vestido como se o padre fosse estrela de rock, James, Jimmy e companhia actuam no palco tornou-se bastante diversificado. Eles estiveram mais comunicativos no palco, tanto na interacção com o público como na actuação. 
E foi uma pena de não ver o Thom Yorke, o líder dos Radiohead, que tocou no Palco Sagres à mesma hora que os Smashing Pumpkins.
E finalmente vi os primeiros 15 minutos dos The Chemical Brothers, que actuaram às 01h30 no Palco NOS. Eu vi-os 3 vezes, incluindo no NOS Alive de 2016. Portanto não tive tempo de ver até ao fim.

No Algés estavam lá milhares de espectadores. De todos os concertos que eu vi o que gostei mais de ver foi a Grace Jones, os The Smashing Pumpkins, os Primal Scream, a Sharon Van Etten, os Mogwai e os The Cure.
O cartaz desta edição não estava perfeito mas foi muito bom.

E pronto, adeus e muito obrigado a todos.

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I'M A DREAMER
THE DREAM IS ALIVE
NEVERSTOP DREAMING
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Intro
(This is NOS ALIVE)


Linda Martini

  


Sharon Van Etten
(Ain't Talkin' 'Bout Love)





Weezer


Ornatos Violeta




Mogwai
  




The Cure

(I've Been Looking So Long At These Pictures Of You)

   
  

   


Perry Farrell's Kind Heaven Orchestra
 


  


Primal Scream



 

(Get Your Rocks Off!)

Tash Sultana
(Sultana of Swing)


Vampire Weekend


  

Grace Jones
   

(Amazing, Grace)

   


Bon Iver

  

   


The Smashing Pumpkins
(The World Is A Vampire)

       

      
    
   
      

The Chemical Brothers
  



Outro
(Farewell and Goodnight)


Photos by: Pedro Miguel Dias
Text by: Pedro Miguel Dias

Setlists: