terça-feira, 26 de junho de 2018

LCD Soundsystem no Coliseu dos Recreios, em Lisboa (19-06-2018)

No dia 19 de Junho de 2018, fui ver à sala de espectáculos, ao Coliseu dos Recreios, em Lisboa, para ver os nova-iorquinos LCD Soundsystem.
Inicialmente, eu era para ter os visto lá no Paredes de Coura de 2016, mas como o caminho de Lisboa até ao Paredes é muito longe, não tive oportunidade de os ver ao vivo.
Por acaso tive uma curiosidade de os ver depois de eu ler a notícia sobre eles que vão dar 3 concertos aqui em Lisboa, dias 19, 20 e data extra, 21 de Junho. No entanto, optei por escolher o primeiro dia.
Os LCD Soundsystem são uma das bandas que demonstram o cruzamento entre as tendências do rock independente e do revivalismo do pós-punk com tendências de música electrónica e de dança conceituado e fundado pelo cantor, escritor e multi-instrumentista James Murphy, que vai na continuidade no trabalho desenvolvido na sua editora DFA Records. Com os três álbuns, "LCD Soundsystem" (o primeiro álbum homónimo) de 2005, "Sound Of Silver", de 2007 e "This Is Happening", de 2010, que deram os LCD Soundsystem uma enorme ferramenta da sua evolução artística. As canções desses três álbuns são todas memoráveis e agradáveis de inicio ao fim, a meu ver. O pós-punk, rock artístico, krautrock, David Bowie (na fase "Berlinense"), Iggy Pop, Talking Heads, Kraftwerk e outros nomes/géneros que continuam a ser referências mas que são filtradas algo totalmente novo. Mais tarde, os LCD separaram-se em 2011 após o concerto da despedida no Madison Square Garden, em Nova Iorque, nos Estados Unidos e voltaram a juntar-se em 2015 com o seu quarto álbum, "American Dream", editado em 2017. Pessoalmente, em relação a "American Dream" pareceu-me ecléctico e surpreendentemente maravilhoso que representa uma grande variedade de estilos musicais, uns momentos pós-punk/new wave, outros mais rock e outros mais virados para a electrónica e do rock artístico. Não só em termos musicais mas na escrita torna-se mais focada e séria com canções relacionadas com o fim do relacionamento, a critica social, a depressão, o medo e a homenagem a Bowie, logo na última música, "Black Screen", deste álbum. A ideia original era convidar o escritor e poeta canadiano Leonard Cohen nesta música mencionada, mas acabou por não acontecer devido à sua morte, acontecida em 7 de Novembro de 2016. De todos estes quatro álbuns são relativamente admiráveis.
Antes disso estive a ver o produtor e DJ chamado Shit Robot, que foi a primeira parte do concerto dos LCD Soundsystem, e foi fraco.
Em relação aos LCD Soundsystem, deram um excelente concerto em termos de performance.
No palco estava o James Murphy na voz, a Nancy Whang nas teclas e voz, Pat Mahoney na bateria, Gavin Rayna Russom no sintetizador analógico, Tyler Pope no baixo, Al Doyle na guitarra, Matt Thornley nas teclas e Korey Richey nas percussões.
O concerto arrancou com a "Get Innocuous!", tema que abre o "Sound of Silver", acolhendo a várias secções, desde a pulsação de linhas de baixo, os sintetizadores cintilantes, os loops de ritmos electrónicos e a guitarra orelhuda, de um desses elementos tornaram-se o som bastante característico da banda. De seguida, a "You Wanted A Hit", mais outro aspecto positivo da noite que me fiquei arrepiado pelas performances. Mas com a trilogia de canções bem executadas como "Tribulations", "I Can Change" e a frenética "Call The Police" (no "American Dream"), os LCD começaram a ganhar destaque para o público rendido à sua medida. Pouco tempo depois, naquele momento em que tocaram a "Daft Punk Is Playing At My House", daí é que fiquei surpreendido desde as notas iniciais. Houve também momentos arrepiantes que foi a interpretação de dois temas "Movement" e "Someone Great", despertando a multidão no Coliseu algo impressionado. Já com a dançável "Tonite", mantiveram a esse mesmo efeito. Logo, a bonita "Home" transmitiu-me a sensação orgânica de uma boa forma.
Já antes do encore, o alinhamento encerrou com o tema prolongado e épico "How Do You Sleep?", aqui podemos encaixar os solos de bateria sombrios e dos sintetizadores analógicos espaçosos recheados de reverb prosseguindo um crescendo até explodir a sonoridade pop electrónica visceral e cada vez mais homogénea. Provavelmente um momento perfeito da noite.
No encore, voltaram ao palco a interpretar as duas belas canções "Oh Baby" (tema muito reminescente a "Dream Baby Dream" dos Suicide) e "Dance Yourself Clean".
O concerto terminou com a magnifica "All My Friends", com uma multidão cheia a saltitar e cantar em uníssono. A única coisa que ficou a faltar foi a "Losing My Edge".
E pronto, deram um concerto espectacular e o pessoal ficou muito admirado, como eu, ao assistir o concerto dos LCD Soundsystem. 

LCD Soundsystem







Photos by: Pedro Miguel Dias
Text by: Pedro Miguel Dias
Setlist: https://www.setlist.fm/setlist/lcd-soundsystem/2018/coliseu-dos-recreios-lisbon-portugal-63eace3b.html

Get Innocuous!
You Wanted A Hit
Tribulations
I Can Change
Call The Police
Yr City's A Sucker
Daft Punk Is Playing At My House
Movement
Someone Great
Tonite
Home
I Want Your Love (Chic cover)
How Do You Sleep?

Encore:
Oh Baby
Dance Yrself Clean
All My Friends

terça-feira, 12 de junho de 2018

Concertos do Nick Cave and The Bad Seeds e os outros nos últimos dois dias do Primavera Sound 2018 (Dias 8 e 9 de Junho)

Foi ao Primavera Sound nos anos anteriores desde 2013. Quando reparei o primeiro artista a ser confirmado nesta edição, que calha nos dias 7 a 9 de Junho, que estava no cartaz foi o Nick Cave and The Bad Seeds. Tinha uma grande expectativa de os ver outra vez ao vivo, eu os vi pela primeira vez no Primavera Sound 2013, e pouco tempo depois, achei que o cartaz não era grande coisa. Por isso decidi comprar o bilhete apenas para os últimos dois dias, dias 8 e 9 de Junho. Apesar do line-up ser o aspecto mais fraco que existe nesta 7ª edição, tal como no ano anterior. O recinto está bem arrumadinho, havia o novo palco chamado Palco Seat, antigamente chamava-se ATP, que fica perto da porta de entrada, então decidi ir para o Parque da Cidade e ficar os dois últimos dias, 8 e 9 de Junho.
Os 3 concertos que eu vi no dia 8 de Junho, o segundo dia do Primavera, foi as The Breeders, no palco NOS, ou palco principal, foi fascinante e houve uma boa interacção com o público. Depois disso vi Grizzly Bear no Palco Seat, e gostei do concerto. E finalmente, vi a Fever Ray no Palco Seat, e pareceu-me secante.

No terceiro e último dia do Primavera, dia 9 de Junho, para mim foi o melhor dia deste edição, cheguei por volta das 17h45m, antes disso, como estava a chover a cantas, decidi comprar um impermeável para evitar os pingos de água na minha roupa. Vi 3 concertos que tocaram no Palco Seat, das 18h às 21h15m, primeiro foi ver Rolling Blackouts Coastal Fever, e pareceram-me energéticos ao vivo, a sonoridade destes rapazes fazem-me lembrar os Pavement ou os Feelies. Os Flat Worms, não os conhecia muito bem, não tirei fotos porque continuava a chover, e foi sólido, aquelas guitarras distorcidas, fazem-me lembrar dos Sonic Youth (na fase inicial). Os Public Service Broadcasting, uma banda que toca pós-punk e krautrock com texturas electrónicas e samples de transmissões de rádio, de spoken words retirados de um filme de documentários sobre a guerra do Vietname, bem como as missões lunares do Apollo, etc. E foi arrebatador. Estava na fila de frente na plateia. Uma coisa que eu achei piada, durante o meio do concerto, estava lá o Astronauta a subir ao palco a cumprimentar ao pessoal.

Depois disso vi mais 3 concertos, que foi o Nick Cave and The Bad Seeds, que tocaram no Palco NOS. O concerto foi perfeito do principio ao fim. O Nick Cave estava cheio de adrenalina teve uma performance maravilhosa em palco. Ainda por cima, a chuva não parava durante o concerto. Estava muita gente de todas as idades e eu estava mesmo à frente da plateia. O alinhamento foi ambicioso. Tocaram vários temas antigos como "Do You Love Me", "From Her To Eternity", "Red Right Hand", "Into My Arms", "Jubilee Street" ou até mesmo a "Stagger Lee", bem como 2 temas do último album "Skeleton Tree". O alinhamento acaba com a "Push The Sky Away".
Vi também The War On Drugs, que tocaram no Palco Seat, e pareceram-me muito bons.
E finalmente cheguei a ver os Mogwai, que tocaram no Palco NOS e gostei de os ver.

De todos os concertos que eu vi, o que eu gostei mais de ver foi o Nick Cave and The Bad Seeds.

The Breeders:




Grizzly Bear:

 Fever Ray:


Rolling Blackouts Coastal Fever:



Public Service Broadcasting:









 Nick Cave and The Bad Seeds:














The War On Drugs:






Mogwai:






Photos by: Pedro Miguel Dias
Text by: Pedro Miguel Dias



Roger Waters no Altice Arena, Lisboa (20-05-2018)

No dia 20 de Maio de 2018, estive no Altice Arena (antigamente chamava-se Pavilhão Atlântico, depois Meo Arena e agora Altice Arena) a ver o Roger Waters, ex-membro dos Pink Floyd, digressão Us + Them Tour.  
Os Pink Floyd são uma das bandas que me introduziram para à música em geral. Para além disso, como amante de música, desde a minha adolescência andava também numa dos U2, Nirvana, The Smashing Pumpkins, The Beatles, The Rolling Stones, Depeche Mode, Duran Duran, David Bowie, Prince, Roxy Music, The Cure, Lou Reed, Talking Heads, Tom Waits e The Doors, graças aos meus pais e os amigos do pai também. São tantos nomes que veio logo à minha cabeça, mas pronto.
Apesar de não ser grande adepto do movimento prog rock, os Pink Floyd é uma das únicas excepções que me acompanho, dependendo do meu estado de espirito. Antes da exploração dos restantes trabalhos que desenvolveram, os primeiros álbuns que eu ouvi foram o "The Dark Side Of The Moon", "Wish You Were Here", "Animals", "The Wall" e "Meddle" e que foram os grandes pontos altos de toda a carreira deles. Apesar do disco de colectânea "Echoes: The Best Of Pink Floyd" ser uma boa introdução, esse disco pareceu-me um pouco incompleto, faltava muita coisa para me encher as expectativas. Para além desses, a minha exploração da discografia da banda permaneceu como prometido, desde a fase inicial da era psicadélica através dos primeiros dois álbuns, outros pontos mais altos, "Piper At The Gates Of Dawn" e "A Saucerful Of Secrets", com o líder, consumidor de LSDs e "diamante louco" chamado Syd Barrett, desenvolvidos em finais da década de 1960s, passando a esses nomes mencionados desenvolvidos de toda a década de 1970s, representam de toda a estética dentro do prog, sem se esquecer as canções compridas em termos de textura e da dinâmica, álbuns conceptuais e letras filosóficas. Depois disso, Roger Waters decidiu abandonar os Floyd (activos desde 1965 a 1995 e reunidos de 2012 a 2014), após a realização do mal-entendido "The Final Cut", sucessor a "The Wall", devido a vários conflitos entre ele e o David Gilmour. Embora que os últimos álbuns, refiro apenas na fase pós-Waters, não estejam na mesma altura, eles têm a sua própria personalidade. Até o último álbum a sério "The Division Bell" tem a "High Hopes". E não, o incompreendido "The Endless River" não conta como o álbum de estúdio de originais mas sim, uma espécie de colecção de canções perdidas gravadas durante as sessões do "The Division Bell".

Em relação ao concerto do Roger Waters e a sua banda foi espectacular, as imagens estavam bem conseguidas, com ecrãs multi-dimensionais. Estava muita gente na plateia e na bancada e eu estava na bancada de trás com o meu pai e os amigos dele.
No palco, estava o Roger como vocalista e baixista, estava também Jonathan Wilson na guitarra, Jon Carin nas teclas, Dave Kilminster na voz e guitarra, Bo Koster (que vem dos My Morning Jacket) nas teclas e no órgão Hammond, Ian Ritchie no saxofone, Joey Waronker na bateria e Jess Wolfe/Holly Laessig nas background vocals
Contudo, Roger Waters e a sua banda conseguiram imortalizar os temas dos Pink Floyd, bem como a interpretação dos temas a solo do Waters, fazendo parte do seu último álbum "Is This the Life We Really Want?", que conta com a produção de Nigel Godrich, que colaborou inúmeras vezes com os Radiohead. Por essa multidão cheia rendida ao seu dispor, estiveram muito bem dispostos durante a representação.
O concerto arrancou com os temas da primeira parte do "The Dark Side Of The Moon", ouvindo a backing track do "Speak To Me", antes do Roger e a sua banda começar a tocar a partir da "Breathe", a única coisa que ficou a faltar foi a "On The Run", que vem a seguir a "Breathe", mas em vez disso tocaram a quase instrumental "One Of These Days", tema que arranca o álbum "Meddle", com o uso excessivo de delays dos solos estrondosos do baixo do Waters. Depois disso, mais temas da primeira parte do "TDSOTM", "Time/Breathe (Reprise)" e "The Great Gig In The Sky", com a Jess Wolfe e Holly Laessig a assumirem às vozes principais e obtiveram um bom desempenho no papel da Claire Terry, na maneira como a vocalista improvisa na versão de estúdio, daí é que me felicitei por toda a parte da actuação. O vocalista e guitarrista Dave Kilminster obteve um excelente desempenho no papel de David Gilmour e conseguiu soar e imitar na forma como ele actua no palco. E com esse efeito de um desses temas mencionados tornou-se algo característico. De seguida, o uso de soundcheck de efeitos sonoros no "Welcome To The Machine", do álbum "Wish You Were Here", surpreendi-me ainda mais desde os primeiros acordes de guitarras aos sons industrializados, até ao uivo dos solos prolongados e fantásticos de teclas por parte do Bo Koster, que também obteve um grande desempenho no papel de Richard Wright, conseguindo imitar na forma como ele actua no palco. Depois disso, com alguns dos temas a solo do Roger Waters como "Déjà Vu" e "The Last Refugee", que fazem parte do último álbum, o concerto ganhou-se a nova fortuna. Depois de terem terminado a sequência da trilogia de canções incríveis com a "Wish You Were Here" (com os solos de guitarras intemporais por parte do Dave Kilminster), "The Happiest Days Of Our Lives" e "Another Brick In The Wall" (partes 2 e 3) com um grupo de estudantes escolares como convidado especial a interpretar e a dançar para o público surpreendido, no primeiro alinhamento, não me apercebi que este concerto houvesse um intervalo de 40 e tal minutos. E durante esse intervalo, aparecem vários textos e imagens fortes de carácter político e sobre diferentes temas. 
No segundo alinhamento arranca com as duas mais prolongadas do álbum mais politizado dos Pink Floyd, "Animals", como "Dogs" e "Pigs (Three Different Ones)", aparecendo aquelas imagens satirizadas a esse determinado tópico. Mais à frente, o alinhamento acaba com a segunda parte do álbum "The Dark Side Of The Moon", começando com os temas "Money" (aqui podemos então encaixar os solos dinâmicos do saxofone do Ian Ritchie e do duo das guitarras do Jonathan Wilson e do Dave Kilminster) e "Us and Them", demonstrando várias imagens relacionadas com a política, com a economia e com as notícias de actualidade. A única coisa que ficou a faltar foi o instrumental, "Any Colour You Like", que vem a seguir a "Us and Them", mas em vez disso, tocaram o tema do Waters a solo "Smell The Roses", do último álbum "Is This the Life We Really Want?". Para terminar a sequência, este alinhamento acabou com a "Brain Damage / Eclipse", dois temas que fecham a segunda e a última parte do "TDSOTM", espalhando para o público rendido ao dispor. Aparecendo a pirâmide computorizada e o uso excessivo de projecção de luzes coloridas simulando a capa simbólica desse álbum mencionada.
Durante um encore grandioso, pouco tempo depois, o concerto terminou com a "Comfortambly Numb", com o público a cantar em plenos pulmões e acabando com os solos de guitarra estrondosos por parte do Wilson e do Kilminster. 
E portanto, eles deram um concerto fantástico, o público ficou muito entusiasmado, tal como eu. Foi muito político e imaginativo que vai ficar para a história. 


Roger Waters











Photos by: Pedro Miguel Dias
Text by: Pedro Miguel Dias
Setlist: https://www.setlist.fm/setlist/roger-waters/2018/altice-arena-lisbon-portugal-73edce61.html

SET 1
Speak To Me (Pink Floyd song)
Breathe (Pink Floyd song)
One Of These Days (Pink Floyd song)
Time (Pink Floyd song)
Breathe (Reprise) (Pink Floyd song)
The Great Gig In The Sky (Pink Floyd song)
Welcome To The Machine (Pink Floyd song)
Déjà Vú
The Last Refugee
Picture That
Wish You Were Here (Pink Floyd song)
The Happiest Days Of Our Lives (Pink Floyd song)
Another Brick In The Wall (Part 2) (Pink Floyd song)
Another Brick In The Wall (Part 3) (Pink Floyd song)

SET 2
Dogs (Pink Floyd song)
Pigs (Three Different Ones) (Pink Floyd song)
Money (Pink Floyd song)
Us and Them (Pink Floyd song)
Smell The Roses
Brain Damage (Pink Floyd song)
Eclipse (Pink Floyd song)

Encore:
Wait For Her
Oceans Apart
Part Of Me Died
Comfortably Numb (Pink Floyd song)