segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

The Stranglers + Cutting Crew no Cascais Rock Fest 2020 no Casino Estoril (25 de Janeiro de 2020)

No dia 25 de Janeiro de 2020 fui ao Cascais Rock Fest, no Casino Estoril, ver os The Stranglers e Cutting Crew.
Os ingleses The Stranglers foram uma das minhas bandas favoritas de sempre, conheci-os desde jovem, apesar de não ter nascido na altura, através dos singles de maior sucesso como "Golden Brown", "Always The Sun", "Peaches", "No More Heroes", "Hanging Around" ou "La Folie". Formados antes da explosão do punk, em 1974. As bandas do punk com teclas não são bem representativas num movimento propriamente dito. Os The Stranglers têm o som único e característico, não tão abrasivo como os Sex Pistols, que me chamou à atenção e conseguem ter esse espirito e o virtuosismo algo irrepreensível, em comparação com os seus pares como os Pistols ou Clash por exemplo, com temas energéticos pautados pelas sonoridades pop orelhudas sem se esquecer as melodias requintadas graças às teclas notáveis do talentoso Dave Greenfield. Ao longo da carreira, exploraram diferentes territórios tanto no punk como no pós-punk, na new wave e no psicadelismo. O co-fundador Jean-Jacques Burnel foi um dos meus preferidos baixistas em todos os tempos. Na forma como ele interpreta é tão inigualável que nem consigo descrever os adjectivos. A meu ver, eles eram uma banda de singles e banda de álbuns. Os álbuns de colectânea "Greatest Hits: 1977-1990" e "Peaches: The Very Best Of" foram as minhas introduções para a essencial banda desde a minha adolescência e que foram as maravilhas cartões de visita antes da descoberta dos catálogos fundamentais que eles criaram como "Rattus Norvergicus" (1977), "No More Heroes" (1977), "Black and White" (1978), "The Raven" (1979), o subvalorizado "(The Gospel According To) The Meninblack" (1981) e "La Folie" (1981). É difícil de escolher um álbum de estúdio favorito mas o "Rattus Norvergicus" (o álbum mais conhecido deles) continua a ser uma obra-prima, a par do "The Raven" e "No More Heroes", e é provavelmente um disco que me acompanho bastante. Uma pena que o fundador, guitarrista e vocalista Hugh Cornwell abandonou a banda em finais de 1980s e foi substituído por outro guitarrista e vocalista Baz Warne. E no entanto, decidi ver os The Stranglers ao vivo como uma expectativa elevada.
Os Cutting Crew só conheço o tema conhecido, que é a "I Just Died In Your Arms Tonight". Como não sou do meu tempo, eles são uma banda de pop rock que tiveram sucesso apenas nos 1980s.
Antes disso, estive a ver os Dare, que não os conheço muito bem. Mas do que eu vi, não gostei muito. Pareceram-me um bocado fuleiros.
Quanto aos Cutting Crew, gostei e pareceram-me simpáticos no que diz respeito à interacção com o público. Apesar de não ser apreciador de solos, o guitarrista consegue ter esse espirito memorável ao improvisar os solos antes de tocar a mais conhecida como referi anteriormente. Mas uma coisa que me surpreendeu bastante foi a interpretação do "The One I Love" dos R.E.M.. O que eu acho formidável. Por acaso foi bom o espectáculo.
E, finalmente, em relação aos The Stranglers, foram simplesmente extraordinários e fantásticos. O Jean-Jacques Burnel nunca falha uma única nota ao tocar baixo com aquela idade (aos 67 anos). Ele tem potencial a fazer isso tudo e safou-se. O Baz Warne fez uma excelentíssima interpretação ao desempenhar o papel de Hugh Cornwell. O baterista Jet Black não esteve presente porque desistiu de fazer espectáculos ao vivo por motivos de saúde, mas que é que se substitui o novo baterista de digressão? É o Jim Macaulay.
Entretanto, o espectáculo começou com uma soundcheck do instrumental sintetizado "Waltzinblack". Os Stranglers subiram ao palco e tocaram a "Norfolk Coast" e "I've Been Wild", apesar de essas duas músicas não serem tão lembradas da longa carreira da banda, aqui em ao vivo ganhou uma nova vida. Refiro-me na fase do novo milénio em que o Baz Warne faz parte da banda. Como ainda não explorei vários trabalhos após a despedida do Cornwell, em termos recentes, os últimos álbuns não estão à altura a esses do alinhamento original (Burnel, Cornwell, Black e Greenfield) desenvolvidos de 1970s até meados de 1980s. Depois disso, houve momentos mais rock em que o uso de teclas fascinantes do Greenfield obteve um papel crucial na "(Get A) Grip (On Yourself)" ou na "Nice N' Sleazy", que dá o mote para a grande festa em que os Stranglers protagonizam. E com esses efeitos despertaram-me mais a atenção. Já com a bela "No Mercy" instalaram um clima agradável. Houve também momentos mais pop convencionais como a totalmente majestosa "Golden Brown" e "Always The Sun", desses aí que me levam ao êxtase e esse efeito conseguiu-se de uma forma adequada. Outro momento perfeito para mim foi a excelente interpretação da "Walk On By", da autoria de Burt Bacharach e interpretada por Dionne Warwick, adequamos os solos e improvisos contagiantes de teclas de Greenfield e de guitarras de Baz Warne a soar muito bem às partes do Cornwell encontradas na versão de estúdio. Um pouco mais tarde, chegamos à maravilhosa canção punk-reggae "Peaches", podemos então encaixar a intercalação dos riffs do baixo com as linhas de teclas memoráveis. O momento esquizofrénico da banda "Burning Up Time" transmite a esse efeito caloroso mas já com as outras pérolas "Hanging Around" e "Tank" foram um dos aspectos absolutamente geniais mantendo a rendição com o público admirado. O som e a energia no Casino Estoril com o nível a atingir as notas máximas. O concerto finalizou em grande com a, mais outra pérola, "No More Heroes", com a prolongada introdução dos solos do baixo estrondosos do Burnel. Só que ficou a faltar a "Duchess", "La Folie" ou "Strange Little Girl" para obter um best-of completo.
O grupo estiveram muito bem comunicativos com o público a nível de interacção e do sentido do humor. Estiveram muitíssimos bem dispostos ao representar no palco. Para já estão de parabéns por trazer cá no Casino e por terem dado o concerto mais rock n' roll neste festival. Este é um dos concertos que ficará para a história. 


Cutting Crew



The Stranglers   


  


  
  
  


Photos by: Pedro Miguel Dias
Text by: Pedro Miguel Dias

(Waltzinblack)
Norfolk Coast
I've Been Wild
(Get A) Grip (On Yourself)
No Mercy
Nice N' Sleazy
Golden Brown
Always The Sun
Walk On By (Burt Bacharach/Dionne Warwick cover)
Peaches
Burning Up Time
Hanging Around
Tank
No More Heroes
(Meninblack)

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