segunda-feira, 15 de abril de 2019

Peter Hook and The Light na Aula Magna, Lisboa (12-04-2019)

"Peter Hook a viajar no passado na Aula Magna"

No dia 12 de Abril de 2019, fui à Aula Magna ver o Peter Hook and The Light.
E a propósito desse concerto deles a interpretar temas do álbum de compilação de singles entitulado "Substance" tanto dos Joy Division como o dos New Order, foi uma expectativa que me contagiou e achei que a digressão irá ser sublime.
A minha introdução para os Joy Division/New Order foi através do "Substance". Apesar de não ser apreciador de compilações de singles ou greatest hits (ou best of's) como queiram chamar. Ambos esses álbuns estão repletos de singles perfeitos de sempre que não conseguimos apontar falhas. Desde a minha adolescência, os álbuns "Unknown Pleasures", "Closer" e "Substance 1977-1980" dos Joy Division, bem como "Power, Corruption & Lies", "Low-Life", "Substance 1987" e "The Best Of" dos New Order, a meu ver, foram a perfeita introdução das minhas descobertas musicais, também foram um dos discos que eu tenho acompanhado bastante e que me mudaram de vida por razões pessoais. E ao explorar a discografia toda em ambas as bandas para além desses, acabou por se tornar não uma, mas duas das minhas bandas de eleição, a par dos The Cure. 
Quanto aos Joy Division, eu imediatamente adoro a conjugação de guitarras arranhadas do Bernard Sumner, as linhas de baixo melódicas por parte do Peter Hook, secções rítmicas espectaculares do Stephen Morris com texturas sombrias, letras pessimistas, enigmáticas e urbano-depressivas, voz grave e danças epilépticas por parte do Ian Curtis.
Quanto aos New Order, também adoro a conjugação da sonoridade pós-punk, em comparação com os Joy Division, intercalada com texturas electrónicas influenciadas pela musica de dança.
De todo o espectro musical característico faz de ambas as bandas algo memoráveis e únicas, tanto na abordagem de escrita de canções como na abordagem de canções pós-punk, new wave, pop de guitarras e de sintetizadores ou até de electrónica, bem como na abordagem de capas dos álbuns, a cargo de Peter Saville, inspiradas pelo movimento das artes.
O baixista e vocalista Peter Hook fez parte dos Joy Division, activos de 1976 a 1980, e New Order, activos de 1980 em diante. Depois de ele abandonar os New Order em 2007, decidiu formar uma nova banda chamada Peter Hook and The Light, desde Maio de 2010, na mesma data que faz a comemoração dos 30 anos da morte de Ian Curtis, vocalista dos Joy Division, contando com os restantes membros da banda que são os seguintes: Jack Bates, o filho do Peter Hook, no baixo, Martin Rebelski nas teclas, Paul Kehoe na bateria e David Potts na guitarra e na voz, tendo como o principal objectivo de tocar as músicas dos Joy Division e dos New Order.
Eu lembro-me quando o Peter Hook e os The Light estiveram lá pela primeira vez em Lisboa desde 2011 ou 2012, salvo erro, a propósito da tour de eles a interpretar o álbum na integra dos Joy Division, que é o "Unknown Pleasures". E infelizmente não tive tempo de os ver.
Em relação ao concerto deles na Aula Magna foi altamente indestrutível e surpreendente sem nenhuma falha. Durante as performances, conseguiram interpretar os temas clássicos de ambas as bandas para o publico da Aula Magna e esse tal objectivo foi totalmente comprido. A voz do Hook é inconfundível e na forma como ele representa no palco pareceu-me comunicativo, demonstrando aquela postura à estrela de rock como principal papel. As linhas de baixo melódicas, tocadas com uma oitava acima do normal, soando a guitarra eléctrica tornaram-se o som característico da carreira do Hook e que acabou por influenciar a vários músicos, nomeadamente os baixistas, de uma determinada geração. 
No primeiro alinhamento do concerto, após os 10 minutos de atraso, era para ter sido às 21:00, Peter Hook and The Light subiram ao palco, cumprimentaram ao publico e tocaram temas dos New Order, começando com o "Regret", cujo tema que faz parte do álbum "Republic", de 1993. A conjugação da voz do Hook nos versos e a do Potts no refrão pareceu ideal, as guitarras ritmadas e da voz tenor por parte do David Potts soam identicamente semelhantes ao de Bernard Sumner. A segunda canção "Procession", single retirado em 1982, é melodica e belíssima fazendo a ponte entre a sonoridade pós-punk sombria dos Joy Division intercalando com a sonoridade pop dos New Order. E a partir daí tocaram o álbum de singles "Substance 1987", editados de 1981 a 1987, na integra, começando com o tema glorioso "Ceremony", a última canção composta pelos Joy Division, com as letras escritas pelo Ian Curtis antes de ele morrer, acontecido no dia 18 de Maio de 1980. Após a separação dos Joy Division, os músicos tinham feito uma promessa se algum elemento morresse os restantes seguiriam mudar o nome da banda e foi isso que Sumner, Hook e Morris fizeram e desde então passaram a ser os New Order. A próxima canção, "Everything's Gone Green", é uma espécie de lado híbrido entre o pós-punk e ritmos electrónicos dos quais me fizeram arrepiar. Mas com o "Temptation", é que me surpreende mais, pois o hit clássico pôs-me jovial, desde os solos de baixo incríveis por parte do Hook aos coros e os restantes membros dos The Light conseguem manter a energia das performances no bom sentido. O uso de caixa de ritmos e de sintetizadores ao som do histórico single "Blue Monday", a minha canção favorita de sempre, houve aí uma multidão da Aula Magna a ficar extasiada. Quanto a mim, fartei-me de dançar até aliviar o cansaço. Imperdível. De seguida, tocaram os restantes temas pop grandiosos desse mesmo álbum como "Confusion", "Thieves Like Us", "The Perfect Kiss" ou "Subculture". Para acabar o primeiro alinhamento, as últimas duas músicas, "Bizarre Love Triangle" e "True Faith", outro clássico intemporal, foram os pontos mais altos desta noite de uma forma avassaladora.
E no segundo alinhamento do concerto, após o intervalo prolongado, tocaram temas dos Joy Division, começando com o "Day Of The Lords" e "Shadowplay" que fazem parte do primeiro álbum "Unknown Pleasures", de 1979, bem como o "Colony" que faz parte do segundo e último álbum "Closer", de 1980. Depois disso, tocaram o álbum de singles "Substance 1977-1980", editados de 1977 a 1980, na integra, começando a partir do "Warsaw" e "Leaders of Men", dois temas muito próximas do punk do que os restantes. Passando pelos magistrais como "Digital", "Transmission" (com os gritos do Hook no último verso), "She's Lost Control" ou "Dead Souls". A festa acabou em grande com os dois singles que fizeram história "Atmosphere" (canção dedicada ao Ian Curtis) e claro, o clássico instantâneo "Love Will Tear Us Apart", uma das melhores canções alguma vez escritas, com o público todo a saltar e a cantar em plenos pulmões a parte do refrão. Simplesmente infalível e provavelmente o melhor momento desta setlist.
No fim do espectáculo, Peter Hook tira a t-shirt, atira-a para o público na plateia de frente e foi-se logo embora.
Posto isto, foi uma noite inesquecível, repleto de maior diversão e de animação. Como não sou maior adepto de banda de covers, este concerto do Peter Hook and The Light foi uma experiência emocionante. Um belo regresso ao passado. Quanto ao publico na Aula Magna, estavam lá dezenas de pessoas, na idade jovem e adulta, com T-shirts dos Joy Division a assistir o concerto. E pronto foi o melhor concerto do ano que eu assisti, senão o dos melhores, e que vai ficar na minha memória.


Peter Hook and The Light


 


   




Photos by: Pedro Miguel Dias
Text by: Pedro Miguel Dias


Regret (New Order cover)
Procession (New Order cover)

Substance 1987:
Ceremony (New Order cover)
Everything's Gone Green (New Order cover)
Temptation (New Order cover)
Blue Monday (New Order cover)
Confusion (New Order cover)
Thieves Like Us (New Order cover)
The Perfect Kiss (New Order cover)
Sub-Culture (New Order cover)
Shellshock (New Order cover)
State Of The Nation (New Order cover)
Bizarre Love Triangle (New Order cover)
True Faith (New Order cover)

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Day Of The Lords (Joy Division cover)
Colony (Joy Division cover)
Shadowplay (Joy Division cover)

Substance 1977-1980:
Warsaw (Joy Division cover)
Leaders Of Men (Joy Division cover)
Digital (Joy Division cover)
Autosuggestion (Joy Division cover)
Transmission (Joy Division cover)
She's Lost Control (Joy Division cover)
Incubation (Joy Division cover)
Dead Souls (Joy Division cover)
Atmosphere (Joy Division cover)
Love Will Tear Us Apart (Joy Division cover)

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