domingo, 1 de março de 2020

Tindersticks na Aula Magna, Lisboa (18 de Fevereiro de 2020)

No dia 18 de Fevereiro fui à Aula Magna, Lisboa, a ver os Tindersticks.
Com o seu disco de estreia em 1993, na era onde a industria musical foi dominada pela sonoridade do grunge e da britpop, os Tindersticks resolveram optar por canções com arranjos elegantes, escrita  e poesia coerente e vozes murmuradas do líder idiossincrático Stuart Staples acompanhadas por violinos meio desafinados, glockenspiel e piano ou órgão eléctrico. Para além da melancolia e da beleza também trazia um dramatismo às canções de uma forma peculiar, ecoando os nomes como Leonard Cohen, The Velvet Underground ou Nick Cave and The Bad Seeds. Devo confessar que os três primeiros álbuns, "Tindersticks I", "Tindersticks II" e "Curtains", editados entre 1993 a 1997, foram as minhas introduções para o catalogo da banda e que foram sensacionais de uma ponta a outra, os restantes que vêm a seguir são agradáveis, mais ou menos o mesmo, no meu ponto de vista.
Vi-os pela primeira vez no Coliseu dos Recreios de Lisboa em 2013 e foi espantoso, mágico e arrepiante. Quanto as performances foram fantásticas, o Stuart Staples esteve muito bem disposto ao representar as canções, umas mais recentes (a propósito da digressão daquele álbum muito bom, que é o "The Something Rain" de 2012) e outras antigas, para o grande público admirado. E então, como uma expectativa moderada, decidi os ver outra vez na Aula Magna.
O que é que temos aqui? Em termos de alinhamento é baseado na apresentação das canções do mais recente álbum "No Treasure But Hope", do qual soa a todo o catalogo da banda alguma vez realizado.  
Durante a actuação, Staples afirmou que os Tindersticks chegaram a Portugal pela primeira vez a dar concertos em 1994, nessa altura eu era jovem demais a assistir concertos por isso nunca lá fui. 
Naquele momento em que tocaram as malhas do passado como o magnífico "Another Night In" e o glorioso "Jism", os murmúrios do Stuart Staples estiveram no topo, mesmo sem os violinos, as guitarras soam tão intensas que me transcende às sensibilidades. Já com a "Show Me Everything", demonstra um lado de desespero por parte da banda e provavelmente, resultou. O mesmo acontece em "Her", que para mim, foi um momento estrondoso da noite com uma secção de guitarra acústica formidável. O uso de drum machine minimal na "Medicine", gostei na forma como o Staples interpreta nesta canção, ouvindo os toques do glockenspiel e do orgão eléctrico lindos que até me arrepiam no meu coração. No entanto, tivemos o direito ao representar as canções do mais recente álbum mencionado logo no inicio, como a emocional e bonito tema "The Amputees". O outro tema destacado "See My Girls", agarramos às guitarras cintilantes bem como os toques do piano memoráveis com o Staples num registo grave à boa mistura. O concerto encerrou com a languida "Take Care In Your Dreams", uma espécie de música da despedida para o público que estiveram presentes a assistir num determinado sonho.
O concerto foi emocional, apesar de não achar tão irrepreensível como no Coliseu de 2013, mas não foi assim tão contagiante como esperava em termos do alinhamento, devido à falta de violinos e convidados especiais às vozes femininas mas safaram-se em palco. Ou seja, não tocaram a "Traveling Light", nem a "If You're Looking For A Way Out" (que é uma cover dos Odyssey), nem a "My Sister", nem a "Can We Start Again?" e nem a "City Sickness". Faltava muita coisa boa a tocar. Staples e companhia estiveram bem dispostos às performances para o público rendido na Aula Magna e não tenho mais acrescentar sobre a minha experiência. Até o proximo.  


Tindersticks








Photos by: Pedro Miguel Dias
Text by: Pedro Miguel Dias

A Street Walker's Carol
Running Wild
The Amputees
Second Chance Man
How He Entered
Medicine
Black Night (Bob Lind cover)
Trees Fall
Pinky In The Daylight
Her
Carousel
Willow
See My Girls
The Old Man's Galt
Tough Love
Another Night In
Show Me Everything
Jism
For The Beauty

Encore:
A Night So Still
Take Care In Your Dreams

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