segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Wayne Hussey no RCA Club, Lisboa (05-10-2019)

A noite acústica no RCA Club

No dia 5 de Outubro de 2019, no mesmo dia onde comemora a Implantação Da República, estive a ver a actuação de Wayne Hussey, em formato acústico, na digressão Salad Daze (nome referenciado ao livro autobiográfico escrito por ele próprio), no RCA Club, em Lisboa.
Conheci o Wayne Hussey como o líder dos The Mission, bem como o antigo guitarrista dos The Sisters Of Mercy (na fase "First and Last and Always" juntamente com o baixista Craig Adams, também membro dos The Mission) e dos Dead Or Alive. Apesar de não ser a minha banda favorita dentro do movimento gótico, os primeiros três álbuns dos The Mission (nomeadamente a "God's Own Medicine"), foram muito bons no que diz respeito à criatividade musical. Pois a partir daí, nunca mais foi a mesma, devido às mudanças de line-ups, às novas direcções musicais desinspiradas, um slap in the face para a banda após a despedida do guitarrista Simon Hinkler. Tem aquela música que não suporto, que é a "Like A Child Again". Não vou começar a perder tempo com isso, vamos lá o que interessa.

Antes disso estive a ver o guitarrista e cantor Ashton Nyte, também em formato acústico, que foi a primeira parte do concerto do Wayne Hussey a solo. Na maneira como ele canta faz-me lembrar Johnny Cash. Não conheci nenhuma das músicas originais que ele tocou, só me lembro de tocar a "The Sound Of Silence", original dos Simon and Garfunkel. Bonito artista de abertura.
Quanto ao Wayne Hussey, foi bom mas um bocadinho sonso. Para além de ser cantor, escritor de canções e guitarrista, ele também é adepto do Liverpool FC. Ele estava sozinho no palco, nas guitarras, nas drum machines (caixa de ritmos) e nas teclas. Ele andava de óculos escuros, chapéu preto, julgando que poderia ser o irmão perdido do Bono (U2) mas não. Conseguiu interpretar os temas dos The Mission e de outros artistas durante a noite. Mal começou o espectáculo, a interpretação da mal-amada "Like A Child Again", os elementos de música pseudo-oriental estereotipada encontrados na versão original foram substituídos apenas por guitarra de 12 cordas e voz a cargo do Hussey que enche a atmosfera de simplicidade, demonstrando a alteração do mood e do tom da música, para dar um novo significado. Depois de tocar a "Garden of Delight", um momento imprescindível da noite, ouvindo o backing track da secção das cordas, houve aí uma fumarada no palco que distrai a vários espectadores e a mim também. Não costumo fumar, não tenho experiência para isso.
Houve também momentos em que me façam arrepiar foi a interpretação da "Island In The Stream", utilizando a guitarra de 12 cordas, bem como a interpretação da "Severina" na guitarra eléctrica, utilizando os efeitos "aguados" (flanger ou chorus), esse efeito instalou-se um clímax desejável.
Nas teclas, tocou dois temas de outros artistas como "Mr. Pleasant", original dos The Kinks, mas o que me surpreendeu mais foi a interpretação da "Hurt", o original dos Nine Inch Nails.
Depois disso, regressando à guitarra eléctrica ao som da interpretação algo sinistra, lenta mas fúnebre da "Marian", dos The Sisters Of Mercy, ouvindo o backing track dos sons desafinados do piano de cauda. Fiquei entusiasmado na maneira como ele interpreta a essa canção para uma multidão rendida. Mais um cover, a "All Along The Watchtower", original do Bob Dylan, mais tarde popularizado pela versão do Jimi Hendrix, acompanhando as drum machines foi também bonito.
Após alguns minutos de adorável "Belief" segue-se a interpretação da mais conhecida dos The Mission, "Wasteland", aqui encontra-se a versão mais calma e quase minimalista do que o normal, prosseguindo com um medley de canções de outros artistas, no caso de "Wishing Well", original dos Free, "Dancing Barefoot", original da Patti Smith, "Like A Hurricane", original do Neil Young, "Lucky", dos Radiohead e a "Personal Jesus", dos Depeche Mode e finalmente a última parte da "Wasteland" até chegar ao fim do alinhamento original.
Durante um encore extenso, foi o aspecto fraco nesta actuação que nem me levou as minhas expectativas como esperado. De maneira como sinto, poderei então imaginar de eu ficar preso no sitio isolado que quase nem consigo sair daqui. A "Butterfly On A Wheel", tocada nas teclas, foi a única coisa que me agrada neste alinhamento final, de resto não me agrada e nem me recordo muito bem o que é que tocou as outras músicas para alem dessa, regressando finalmente às guitarras acompanhando as drum machines, pode ser um qualquer tema perdido dos The Mission ou a solo. Posso então assumir a isso.
Foi uma pena de não tocar a "Deliverance", "Beyond The Pale", "Serpent's Kiss" ou até a "Tower Of Strength". Portanto, não foi dos melhores concertos que assisti. Julgava que o concerto acabasse o mais cedo possível para não apanhar aquela confusão no RCA Club. Duas horas e meia da actuação é demasiado. Por acaso foi quase mediano. Mas pronto, não há crise.


Ashton Nyte




Wayne Hussey 



  
   




Photos by: Pedro Miguel Dias
Text by: Pedro Miguel Dias

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