sexta-feira, 8 de novembro de 2019

The Divine Comedy na Aula Magna, Lisboa (07-11-2019)

No dia 7 de Novembro de 2019, fui à Aula Magna, ver os The Divine Comedy. E a propósito da festa de aniversário dos 49 anos do líder, mentor da banda e cantor irlandês Neil Hannon, fiquei com uma grande expectativa de ser no dia de actuação. 
Conheci os The Divine Comedy através da canção "Something For The Weekend", do álbum "Casanova", e que foi o primeiro disco que ouvi e fiquei acarinhado pela sonoridade que gravaram. A música deles é caracterizada pela sensibilidade pop barroca com os arranjos orquestrais luxuosos, majestosos e ao mesmo tempo requintados, não só fazendo referências musicais como Scott Walker (o que eu adoro, plenamente) ou Burt Bacharach, por exemplo, mas também pela ironia e pelo romantismo das letras, referências literárias e cinemáticas, que se revela uma enorme notoriedade por parte do veiculo conduzido por Neil Hannon. Na era da britpop, nos anos 1990, o Neil Hannon, por ser o único membro constante da banda, surge ali com toda a elegância, sem medo de usar o fato imaculado mas com uma imagem de boa dose de boémia. Para além de escrever e compor canções com os The Divine Comedy, ele também escreve temas para séries televisivas ligadas aos sitcoms britânicos. Ele tem muito bom sentido de humor em termos de personalidade. E ao ouvir alguns dos trabalhos deles como "Casanova", "A Short Album About Love", "Fin de Siècle" e "Absent Friends", tornaram-se uma das minhas bandas favoritas ao longo do tempo. E então decidi ver os The Divine Comedy na Aula Magna, a propósito da digressão do último álbum editado este ano, "Office Politics".
Mas antes disso, estive a ver os Man and The Echo, que foi a primeira parte do concerto dos The Divine Comedy.
Os Man and The Echo são uma banda nova de indie rock, vindos de Inglaterra, definindo a melodia das texturas, ritmos acelerados, letras engraçadas e sing-alongs mais poppy, híbridos de XTC, Blur e Franz Ferdinand, todo misturado. E foi pela primeira vez que vieram cá a actuar. Não conhecia muito bem estes fulanos mas gostei de ver e não foi assim nada de especial.
Quanto aos The Divine Comedy, foi divertido. Ele e a sua banda estiveram muito bem dispostos no palco e mantiveram a interacção com o público carinhoso e honesto. Aos 30 anos de carreira, eles continuam a fazer música com qualidade que não conseguimos apontar falhas, mesmo que o esquecido, maligno e ignorado disco de estreia de 1990 ser completamente diferente do que é habitual, cuja referência musical desse álbum é composta apenas à base de guitarras (apontado como uma cópia descarada dos R.E.M.) do que a languida pop orquestral com uma estética indie encontrados nos trabalhos seguintes. A discografia deles têm-se evoluído ao longo dos anos sem repetir demasiado a fórmula.
E então ouvimos as teclas dinâmicas da "Europop" logo a abrir. A sátira e o sentido de humor são obras de arte e que são bem apresentados nesta actuação. Pouco tempo depois, a multidão despertou a atenção nos momentos inesquecíveis como "Generation Sex", apresentando a qualidade pop desejável. Houve também a intercalação entre momentos mais alegres e os mais introspectivos como a emotiva "Commuter Love", outro momento perfeito para mim temperado de acordes de guitarras e de teclas soando como secção de cordas. Antes de começarem a interpretar a "Office Politics", do álbum conceptual com o mesmo nome que retrata sobre locais de trabalho e máquinas de papel, o que está representado a cenografia no palco (os ponteiros do relógio, o computador desktop e as duas portas (entrada e saída)), as audiências cantaram a "happy birthday to you" a Neil Hannon, que fez 49 anos. Houve também outros momentos que me façam arrepiar durante a interpretação dos temas "Becoming More Like Alfie" e "To The Rescue". Das quais têm recheadas de encanto e de romance devido aos arranjos suntuosos durante o espectáculo. Aparentemente, os Divine Comedy andaram numa dos Kraftwerk, pensei eu, durante a interpretação da outra nova "The Synthesizer Service Centre Super Summer Sale". Com aqueles sintetizadores sequenciais, vozes robóticas e tudo mais alguma coisa. Quanto a mim, aquele tema pareceu-me tão desfocado e incompreendido, não soando a Divine Comedy que muitas das pessoas sabem e conhecem nitidamente. E estava a achar estranho que o som da banda de Neil Hannon irá mudar de estilo futuramente. Já com a "Infernal Machines" e o tema título "Office Politics", demonstra o lado mais virado para as electrónicas e menos orquestral, cá para mim também não me encheram as medidas. Apesar do novo álbum não ser tão contagiante como nos anteriores, aqui em ao vivo instalaram-se definitivamente como esperava, apresentando temas como "You'll Never Work In This Town Again" e "Norman and Norma", das quais foram um dos únicos aspectos positivos. Mas o que me chamou mais atenção foi a partir dos momentos imprescindíveis onde tocaram a trilogia de canções dançáveis como "At The Indie Disco", "I Like" e a majestosa "National Express" espalhado por toda a multidão cheia dando o mote para a grande festa de aniversário na Aula Magna. E esses efeitos atingiram às expectativas que me façam alegrar para sempre. Já perto do fim, antes do encore, a belíssima "A Lady Of A Certain Age", acolhemos às secções triunfantes de duas teclas simulando o cravo (instrumento típico usado na época barroca) e de linhas de guitarras condutas por Hannon e companhia ao longo da música, ou o uso de simulação de secções de piano, do cravo, de sopros (oboés ou trompetes) e de cordas (violinos ou strings) esplendorosas na fantástica "Absent Friends".
Depois de encerrar a "When The Working Day Is Done", voltaram para um encore em formato acústico, após a saída do trabalho, com as pérolas "Your Daddy's Car", a delicada "Songs Of Love" e finalmente a outra majestosa "Tonight We Fly".
Diverti-me imenso ao ver o espectáculo. No entanto foi fantástico, mágico e singular concerto que deram na Aula Magna. Têm uma boa relação com o público. Isso é que era agradável. E espero que na próxima vez toquem a "Something For The Weekend", se faz favor. 


Man and The Echo


The Divine Comedy








Photos by: Pedro Miguel Dias
Text by: Pedro Miguel Dias

Europop
To Die A Virgin
Generation Sex
Commuter Love
Office Politics
Norman and Norma
Becoming More Like Alfie
To The Rescue
The Synthesizer Service Centre Super Summer Sale
Infernal Machines
You'll Never Work In This Town Again
I'm A Stranger Here
At The Indie Disco
I Like
National Express
Absolutely Obsolete
After The Lord Mayor's Show
A Lady Of A Certain Age
Absent Friends
When The Working Day Is Done
Your Daddy's Car
Songs Of Love
Tonight We Fly

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