quinta-feira, 28 de novembro de 2019

The Waterboys no Campo Pequeno, Lisboa (27-11-2019)

"I wish I was a fisherman"

No dia 27 de Novembro de 2019 fui ao Campo Pequeno, em Lisboa, ver os The Waterboys.
A banda liderada por escocês Mike Scott associou a uma exploração de variedade de estilos com os seus trabalhos essenciais e intemporais desenvolvidos nos anos 1980s (apenas nessa época em que tiveram um sucesso comercial) como "This Is The Sea" e "Fisherman's Blues". Não só pela alegria e rejubilante das músicas mas também tem muita poesia, literária e espiritualidade por parte das letras. O chamado termo "The Big Music", refere-se a aliança celta do surgimento de bandas pós-punk de inicio até meados desta década que se tornaram numa sonoridade antémica e emotiva desde os Simple Minds, U2 e por aí em diante. Os Waterboys revisitaram numa fusão entre o pós-punk, rock de estádio, produção sonora do género "wall of sound" e claro música folk/celta (ou se quiser chamar música tradicional irlandesa e escocesa) ao longo dos anos desde a formação. Apesar de não explorar os restantes trabalhos que vem seguir ao "Room To Roam", de 1990, eles continuam a fazer música com convicção. Quanto a mim, eles são quase semelhantes aos U2 mas só que não atingiram muita popularidade. Naquele momento que ouço as músicas deles, posso então imaginar de dar uma espetadela a paisagem rural esverdeada em terras altas da Escócia ou beber um scotch, dependendo do meu estado de espirito.
Lembro-me quando vieram cá pela última vez no Vilar de Mouros 2016 e não tive oportunidade de os ver devido aos meus compromissos. Como a minha expectativa elevada, decidi ver os The Waterboys no Campo Pequeno, a propósito da digressão do último álbum "Where The Action Is", editado este ano, do qual não cheguei a tempo de ouvir.
No palco estava o líder Mike Scott (voz, guitarra e piano), os quatro músicos irlandeses Steve Wickham (violino e guitarra), Aongus Ralston (baixo), Zeenie Summers e Jess Kav (segundas vozes), mais o músico vindo de Memphis, EUA, chamado Brother Paul Brown (teclas) e o inglês Ralph Salmins (bateria).
Em relação concerto foi totalmente majestoso. Mike Scott, com o seu vestido de chapéu de cowboy, óculos, blue jeans, camisola preta e blusão de ganga, uma espécie de cruzamento entre Van Morrison, Bob Dylan e Bruce Springsteen, esteve muito bem comunicativo ao representar o palco para o público cheio no Campo Pequeno rendido ao seu dispor. O resto da banda ajudou também.
O espectáculo começou com o "When Ye Go Away", uma canção rock cheia de alma com aqueles enormes toques de música celta. Um momento emocionante da noite. Após o solo incrível e cristalino de violino de Steve Wickham, o público, como eu, ficou completamente eufórico ao som de "Fisherman's Blues". Outro momento perfeito que nos façam arrepiar por completo. E a nível de coerência transmite às nossas ambições. Desde os belos solos de Wickham até à voz e guitarra fulgurante do Mike Scott. As influências da música celta estiveram bem presentes durante a actuação. Mas já com a frenética "Medicine Bow", os Waterboys continuam a manter a energia e o poder às canções, intercalando os lados mais rock e outros mais celta. Esses elementos evoluíram de uma forma exemplar. De seguida, pouco tempo depois, a nova música "Where The Action Is" não foi assim tão mau como pensava mas por acaso não desgostei, nada comparada com as obras primas da banda como "This Is The Sea". Por falar nisso, a canção desse álbum mencionado, "Old England", encontra-se o lado mais intimista da banda, com o Scott no piano, representando o sombrio e negro retrato sobre a pobreza da Inglaterra na época da Thatcher (fraternidade, vícios de droga, violência policial, e assim por diante). O teclista Brother Paul Brown, fã dos Kiss, tirando o casaco, demonstra os improvisos estrondosos no tema "Nashville, Tennessee" despertando as mentes das audiências super admiradas. Mas no momento infalível, para mim, em que tocaram a belíssima "This Is The Sea", com um arranjo diferente do que a versão original encontrada no álbum "This Is The Sea", fiquei surpreendido pelas performances do Mike Scott e companhia durante o espectáculo. A determinada altura, ficamos extasiados aos solos de Keytar explosivos e super fabulosos de Brother Paul Brown no bluesy heavy rock "Rosalind (You Married The Wrong Guy)", ele consegue solar e "shreddar" de uma maneira concisa no que diz respeito ao virtuosismo. Provavelmente, um dos aspectos positivos da festa que não conseguimos apontar falhas. No entanto, tivemos o direito aos solos de bateria de Ralph Salmins, como homenagem ao baterista Ginger Baker (da banda ligada ao movimento rock psicadélico dos anos 1960s, Cream) que morreu este ano, que tem como titulo "Blues For Baker". A seguir, tivemos o tema prolongado "We Will Not Be Lovers", outra pérola que podemos então encaixar os soberbos solos de violinos de Steve Wickham, bem como as guitarras fluidas de Mike Scott e as teclas do mago Paul Brown. Esses efeitos tiveram muito bem conseguidos que deram uma calorosa recepção ao público. Mais tarde, antes do fim do concerto, o Scott e o Wickham estavam sozinhos a interpretar a pérola "The Pan Within", outro momento perfeito que me deu arrepios. Depois disso, os restantes membros subiram ao palco e interpretaram a indelével "The Whole Of The Moon", com uma secção arrepiante ao piano por parte do Scott, bem como os solos funkalhados do baixo de Aongus Ralston no meio. Esses elementos mantiveram a alegria para uma multidão no Campo Pequeno.
No encore, regressaram ao palco com a outra pérola "A Girl Called Johnny" (uma espécie de tributo a cantora, escritora e poeta Patti Smith), com uns toques magníficos do piano do Mike Scott, outra vez. Depois do Scott tirar o blusão de ganga, mostrando uma camisola preta que contem uma frase "On The Road Again" (referenciando ao tema do cantor e escritor de canções ligado ao movimento country, Willie Nelson), e vestir o casaco longo de uma forma extravagante, a festa encerrou em grande espalhada por todo o público à versão de "Purple Rain", do saudoso Prince, como homenagem, que nos deixou há aproximadamente 3 anos (2016, o pior ano das nossas vidas), cantando em plenos pulmões. Provavelmente um dos inesquecíveis e melhores momentos da noite, senão um dos melhores. A verdadeira cereja no topo do bolo do Campo Pequeno.
E portanto, eles deram um concerto magistral, singular, divinal e esplendoroso. Foi uma experiência avassaladora que mantiveram a interacção com o público totalmente irrepreensível com carinho e honesto. O público, como eu, ficou adorado ao ver a actuação dos The Waterboys. Isso é que foi uma grande festa cheia de diversão e de alegria.


The Waterboys












Photos by: Pedro Miguel Dias
Text by: Pedro Miguel Dias
Setlist: https://www.setlist.fm/setlist/the-waterboys/2019/campo-pequeno-lisbon-portugal-339a2c21.html

When Ye Go Away
The Four Ages Of Man (William Butler Yeats cover)
Fisherman's Blues
Medicine Bow
Ladbroke Grove Symphony
Where The Action Is
Old England
Still A Freak
Nashville, Tennessee
This Is The Sea
Rosalind (You Married The Wrong Guy)
Blues For Baker
We Will Not Be Lovers
If The Answer Is Yeah
Morning Came Too Soon
The Pan Within
The Whole Of The Moon

Encore:
A Girl Called Johnny
Purple Rain (Prince cover)

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